heróianão

Drommar, o destemido herói anão, teve suas raízes na cidade que viria a ser conhecida como Ionian. Em sua juventude, ele labutava como lenhador, imerso na pobreza que envolvia as modestas habitações da cidade. Todos os habitantes de Ionian eram renegados, relegados ao isolamento e à servidão, distantes da grandiosa capital de Contance. Apesar das agruras da vida, eles construíam sua própria comunidade, sustentada por hidromel, cerveja e música, uma resiliência que, para muitos, era suficiente.

As mais vibrantes recordações de Drommar residiam nos recintos acolhedores da Boca do Caneco. Ele se refugiava nesse estabelecimento, pedindo sua bebida favorita, recolhendo-se em um canto, absorvendo as conversas animadas, risadas e a música que reverberava em seu âmago. Enquanto saboreava sua refeição e encontrava um lugar para descansar, as dores do dia se dissipavam. Essa rotina se repetiu inúmeras vezes, até que os dias se fundiram em uma monotonia aparentemente interminável.

Cortar madeira, preparar troncos, transportar árvores até a cidade, angariar moedas suficientes para alguns momentos de prazer na Boca do Caneco, e assim seguir adiante. Dia após dia, a vida de Drommar se desenrolava nesse ciclo, até que um acontecimento inesperado alterou irrevogavelmente seu destino.

Numa era em que o mundo ainda era jovem e a luz do Sol e da Lua não iluminava os céus com a mesma espiritualidade, quando dragões assolavam os salões de Contance e gigantes rumavam até a cidade de Caldera em busca de magma para suas forjas, Drommar pressentiu uma mudança iminente. Em um dia como outro qualquer, quando a tristeza de seu destino o incomodava, algo extraordinário aconteceu.

Ao derrubar uma árvore, Drommar foi surpreendido por um rugido feroz que ecoou pelos bosques. Pelos arrepios em sua pele e o gelar de sua espinha, ele percebeu que algo além do ordinário estava em jogo. Correndo entre os galhos caídos, ele se escondeu e aguardou, ouvindo as asas gigantescas e os rugidos que ecoavam como trovões no céu. O destino parecia selado, e a morte espreitava, mas Drommar não estava disposto a sucumbir sem lutar. Seu encontro com algo além da compreensão ordinária moldaria o curso de sua existência de maneiras imprevisíveis.

A visão aterrorizante e maravilhosa paralisou o jovem anão: um enorme dragão branco lutava ferozmente contra um imponente gigante de gelo. Cada um empunhava suas armas e usava suas garras e escudos, transformando o campo de batalha em um caos de destruição. A cada golpe desferido, a terra estremecia, e árvores eram arrancadas do chão pela fúria dos titãs.

Certamente, o anão não passaria de uma pisada para que sua vida tivesse fim, mas não foi o que aconteceu. Ele viu o dragão cravar suas presas na carne do gigante, que tombou ao chão, ao mesmo tempo em que um machado encontrava o espaço entre as costelas da fera, que rugiu de dor. Ambos caíram, lado a lado, ainda guerreando para determinar um vencedor.

A ferida aberta jorrava o sangue do gigante, espalhando gelo e neve pelo solo, enquanto o dragão lutava para seguir sua investida, ferido e vulnerável. Drommar sentiu um chamado em seu coração, uma certeza que pulsava em suas veias: sua coragem deveria selar esse embate. Empunhando seu pequeno machado, ele correu em direção ao gigante. Sem hesitar, ofereceu sua arma à criatura colossal. Marskarv, com um último suspiro, segurou o machado e, com um golpe derradeiro, rasgou a carne do dragão, libertando um rugido agonizante. O corpo do gigante fraquejou logo em seguida, e ele caiu sem vida.

Porém, no instante de sua morte, parte de sua essência se misturou à alma de Drommar, enquanto a energia gélida do dragão se fundiu ao machado do anão. A arma brilhou com uma luz azulada, transformando-se em uma das mais lendárias da Era da Luz, que se iniciava com a morte do dragão.

A notícia do feito de Drommar se espalhou, e a Igreja da Luz, recentemente fundada, o adotou como um símbolo sagrado. Seu heroísmo atraiu fiéis e financiadores, aproximando a fé tanto da nobreza anã quanto do povo humilde. Os deuses da Luz o abençoaram: Rodu, pela coragem que demonstrou, e Vuin, pela temperança com que abraçou seu destino. Com o tempo, Drommar se tornou um campeão da fé, admirado e reverenciado por todos.

Com sua lenda crescendo, ele ascendeu ao posto de General nas guerras contra os dragões que assolavam as Terras Sagradas de Korala. Seu exemplo inspirou incontáveis guerreiros a buscar glória semelhante, acelerando o fim da presença dracônica na região. Mas, entre as batalhas e vitórias, um laço inesperado surgiu: sua mais fiel companheira era uma Firbolg curandeira chamada Ithilmar, que sempre cuidava de suas feridas e o protegia. O tempo consolidou sua relação, e ela se tornou não apenas sua aliada, mas também sua amante, selando a jornada de Drommar com uma conexão que transcendia a guerra e o heroísmo.

No fim de sua vida, um túmulo recluso foi erguido em sua honra, cercado por desafios e provas de grandeza destinadas apenas aos dignos. Diz-se que os ecos de suas batalhas ainda ressoam entre as muralhas de sua sepultura, e que aqueles que ousam trilhar o caminho até seu descanso final só podem passar se forem julgados valorosos pela luz. Assim, Drommar permanece uma lenda viva, um nome imortalizado na Era da Luz.