📚 Quizar Vaelen Roend — O Bardo Herdeiro das Eras
Resumo:
Quizar Vaelen Roend é um tiefirino marcado pelo estigma de sua origem misteriosa e pela magia que o acompanha desde jovem. Criado à margem na Cidade Livre, ele foi levado à Grande Torre não pela benevolência, mas pela raridade de seu dom mágico. Enquanto aprendia como bibliotecário e contador de histórias, descobriu sua ligação ancestral com Caelen Roend, um herói do passado cujo legado e artefatos despertaram seu desejo por mais do que uma vida de servidão invisível. Determinado a não ser esquecido, Quizar moldou sua magia com precisão cirúrgica, mas não sem enfrentar o medo constante de perder sua liberdade e ser reduzido à insignificância. Seguindo as pistas de Caelen não como um escolhido, mas como alguém que se recusa a ser ignorado, ele busca reacender um legado que foi prematuramente apagado, encontrando propósito onde antes havia apenas dúvidas e temores.
“Eles chamam meu sangue de maldição. Que chamem. Eu o moldarei em verso, em chama, em esperança.”
🧬 Origens Marcadas pelo Estigma
Filho de ninguém, nascido de uma união esquecida entre um humano miserável e algo mais… antigo. Quizar veio ao mundo com olhos de âmbar acesos, chifres curvos e a marca inegável de um tiefirino. Na Cidade Livre, onde a liberdade é pregada, mas raramente aplicada aos filhos do Inferno, Quizar cresceu à margem. Não foi criado com afeto, mas tolerado por conveniência — alimentado e vestido apenas para continuar útil, quase como um servo doméstico. Ele se habituou a ser invisível… até não conseguir mais.
A primeira manifestação mágica não veio com glória, mas com desespero: um incêndio pequeno, em legítima defesa. E, com ele, a atenção. Quizar foi levado por estudiosos da Grande Torre da Cidade Livre, não por bondade, mas por curiosidade. Seu dom inato — relutante, volátil, imprevisível — era raro. Porém, o que o manteve ali não foi a magia, mas seu intelecto e carisma afiados. Quizar se tornou um aprendiz — bibliotecário, contador de histórias, e cozinheiro ocasional da torre.
📜 Um Nome em Pergaminhos Antigos
Foi entre prateleiras de pergaminhos e códices raros que ele conheceu, pela primeira vez, o nome que mudaria sua vida: Caelen Roend. Um herói de outra era, um arcano errante que deixou marcas fundas nas guerras do passado. O nome Roend acendeu algo em Quizar: não apenas por soar familiar — mas por estar ali, nos registros perdidos, nas profecias obscuras, nas Tábuas do Tempo.
Começou a traçar uma genealogia fragmentada, que o ligava a Caelen em uma linhagem remota, cruzada por magos, hereges, andarilhos e sobreviventes. Muitos nomes riscados. Outras dezenas desaparecidos. E então, rumores: artefatos ligados a Caelen estavam sendo levados ao Império Rubro — espoliados dos arquivos da Cidade Livre. O sangue em suas veias parecia queimar. Ser apenas um contador de histórias não bastava mais.
✨ Uma Magia que Não se Domina Sozinho
Quizar jamais se enxergou como um “escolhido”. Sua magia, apesar de inata, sempre foi um mistério para si mesmo. Ele não sentia o favor de um deus ou o toque de um destino predestinado — o que sentia era o medo de perder o controle. Por isso se refinou. Estudou cada gesto, testou cada entoação. Aprendeu a manipular sua essência mágica com precisão cirúrgica: lançando dois feitiços ao mesmo tempo, ou encurtando o tempo de conjuração até parecer natural. Como um artista lapidando a própria alma.
Mas isso cobra um preço. Quizar tem pesadelos recorrentes: com grilhões, com jaulas, com sua voz sendo calada. Seu maior medo não é a morte — é a insignificância. Voltar a ser apenas o “menino de chifres que limpa o chão”. Sua liberdade é o que lhe dá poder.
🔗 A Herança e o Chamado
Agora, Quizar segue as pistas de Caelen não por obsessão, mas por necessidade. Se há uma profecia sendo desdobrada, se há um papel a ser assumido, ele o fará — não como um escolhido, mas como alguém que se recusou a ser esquecido.
Caelen, para ele, é mais do que um ancestral: é um símbolo. Uma chama que foi apagada cedo demais. Quizar quer reacendê-la.
📖 Cena Narrável: “O Legado no Fogo Frio”
(Esta cena pode ser narrada pelo mestre como um sonho ou memória desencadeada — talvez pelo contato com um objeto de Caelen, ou um feitiço instável que revela visões subconscientes. Durante a cena, o jogador pode interpretar Quizar criança, vivendo esse fragmento marcante.)
A fumaça dança no ar frio da madrugada. O chão de pedra está gelado sob seus pés descalços — e seus dedos, cobertos de fuligem, tremem ao segurar o volume antigo. A biblioteca estava trancada. Ainda está. Mas Quizar aprendeu a abrir portas com palavras sussurradas que nem ele entende.
A lamparina a óleo vacila enquanto ele folheia a página amarelada, e então… encontra o nome. Roend. Sob ele, a ilustração de um homem de olhar severo e roupas arcanas, segurando um cajado partido.
“Ashvatta,” ele murmura, com reverência.
“Por que você… por que você sumiu?”
Uma batida na porta o faz gelar. O medo volta — o medo de ser apanhado, de ser punido, de ser enviado de volta para as cozinhas. Mas ele não se mexe. Permanece ali, hipnotizado, como se o nome na página o chamasse.
E então ele vê: sob o brasão da casa Kalpa, uma inscrição quase ilegível:
“O tempo se dobra para aqueles que conhecem seu nome.”
A lamparina estoura, a sala mergulha em escuridão. Um calor invade o corpo de Quizar — como se o próprio nome tivesse acendido algo dentro dele. Pela primeira vez, ele sente que existe. Que é real.
E que talvez… tenha algo a cumprir.